O vazio das festas
A festa é parte importante da vida humana, não vivemos sem elas, dão significado as coisas vividas na sua mais simples maneira e agora celebradas com a música, com a poesia e com o movimento do corpo.
Uma das nossas raízes indígena da América Latina é a festa. Ela faz parte da vida de todos os povos que habitaram-habitam o continente. Realidade que comemora o dia-a-dia da tribo, sempre vestida de muitos significados. Para celebrar os momentos importantes da vida: nascimento, passagem da adolescente para a juventude, casamento e morte. Para celebrar tempos importantes: mudança de estação, colheita, piracema e também para celebrar feitos importantes: caçadas e vitórias nas guerras. Com o tempo quando fomos nos misturando com outros povos que por aqui foram chegando o significado das festas foram mudando.
Hoje o sistema capitalista se apossou de todos os significados e o único que conta é o lucro, o importante é vender. A bebida que era produzida por todos do grupo no processo tribal, hoje tem que ser comprada. Nesse sistema vazio de significados quem não tem para comprar, não tem o direito de festejar, celebrar.
Coari é uma cidade de muitas festas, na prática as festas coarienses começam na quinta-feira de cada semana e consome todas as outras noites do fiim de semana. Com o objetivo totalmente econômico, o significado de celebrar, se alegrar perdeu todo seu sentido. São festas vazias, parecem mais fuga de uma realidade que não consegue dar significado a vida de maneira mais plena.
E assim a cada fim de semana vamos a festa, espantar o dia-a-dia vazio da nossa existência, atrás de significados que também são vazios na sua essência.