Índios prometem revelar segredos de plantas medicinais
Remédios ainda desconhecidos da indústria, feitos de vegetais da Amazônia, serão apresentados em Curitiba
Representantes indígenas fizeram uma lista de 30 medicamentos e cosméticos tirados da floresta amazônica e usados por eles há séculos para apresentar num seminário no qual pretendem compartilhar os benefícios em busca de futuros investimentos farmacológicos. A Convenção da Diversidade Biológica, a ser realizada em Curitiba, em março, deve receber do Amazonas um grupo de oito indígenas de São Gabriel da Cachoeira, na fronteira com a Colômbia. A lista inclui o keeripa (sem tradução para o português), um fungo que brota da caatinga à beira dos igarapés que nascem do Rio Negro e, segundo a sabedoria tradicional, pode curar a tuberculose em cinco dias. "É feito um chá e dado à pessoa por menos de uma semana e ela fica curada para sempre", diz o líder do grupo que vai a Curitiba, André Fernando, da etnia baniua, presidente da Organização Indígena da Bacia do Içana (Oibi).
Para ele, as propostas dos índios, que devem ser encaminhadas ao Ministério da Ciência e Tecnologia, não podem vir desacompanhadas de um cuidado paralelo com as patentes com registro em nome dos povos.
"Talvez uma organização maior para a democratização desses remédios da floresta venha do medo da perda da identidade, de um uso indevido e de que nada seja dado em troca aos que o descobriram", destaca. "Ainda temos centenas de plantas que a medicina científica não conhece, usadas por nossos pajés, que teriam prazer e paciência para ensinar, mas com o cuidado de esse saber ser disseminado com o controle de índios também, não só do governo." Saiba mais.