A morte do Carnaval coariense
No carnaval desse ano inauguramos em Coari um centro cultural, uma das suas serventias é o desfile de carnaval. A programação foi grande, tentando abrir espaços para todos. O governador Eduardo Braga marcou presença, afinal de contas, é ano eleitoral, nada melhor do que tentar faturar alguns votos por aqui, pois é na terra do gás que conta com um dos seus melhores cabo-eleitorais. É justo que tenha vindo.
A presença do povo coariense foi marcante, de impressionar, aliás, para onde o povo poderia ir, se não tinha outro espaço proporcionando algo melhor? E assim ao som frenético dos alto-falantes dos trio-elétricos o povo se divertiu. Sim caro leitor haviam trio-elétricos, dois.
E foi ao som deles que o povo se ensurdeceu, nada mais ouvindo. O som que um dia marcava o passo do nosso carnaval de rua, onde a alegria nascia de modo espontâneo no pé, na ginga, no rebolado da cabocla ou no ritmo lento de um folião anônimo, foi lentamente desaparecendo, na terça, já não existiu.
Nossos blocos que um dia subistituiram o carnaval de rua, fazendo avançar a arte, a beleza e os versos de tão belas poesias foram levados, engolidos pelo ruído do carnaval eletrônico, numa imitação grosseira do carnaval baiano.
Assim o nosso carnaval que ano, após ano era dançado nas nossas ruas, palco do dia-a-dia, lugar de alegria e sofrimento, de sonhos e esperanças, de amores perdidos e sonhos acontecidos, subiu o centro Cultural Carlos Braga, vazio dos seus brincantes que construiam a arte do carnaval coariense.
Não que sou contra o centro, muito pelo contrário, mas, que ele seja sempre palco da tão bela harmonia entre a dança e o canto do povo de Coari e não um túmulo, onde os talentos são enteerrados, a poesia não escutada, e os tambores calados, mudos, silenciosos. Assim se cala um povo, com a ilusão de outras vozes!