Coaripolis

segunda-feira, maio 15, 2006

Violência no dia das Mães
Darlindo Ferreira
Em tempos de tanta incerteza acredito que vale apena tentar uma reflexão sobre a natureza das coisas e dos processos mesmo que não pareça tão natural fazê-la.
Assim, andei pensando e cheguei as seguintes impressões iniciais:
Não é natural tanta violência;
Não é natural um país ter um nível tão discrepante de distribuição de renda;
Não é natural uma falta de compromisso com investimentos na saúde e educação;
Não é natural um nível de esfacelamento do tecido políticos e das instituições;
Não é natural a fome;
Não é natural a apatia frete as injustiças;
Não é natural a falta de solidariedade;
Não é natural o desemprego;
E muito menos natural é a alienação frente a tudo isso e muito mais.
Mas afinal o que seria natural? A única resposta possível é a não-naturalidade da natureza das coisas, ou dito de outro modo, a necessidade de uma visão processual de tudo. Tudo que existe só pode ser compreendido a partir de uma postura de autoria cidadã, sobretudo no momento em que nos vemos implicados e fazendo uma necessária leitura histórica da construção dos “fenômenos naturais”.
O Brasil desde seu nascedouro historicamente é fruto de uma construção que parece ter sido permeada por uma violenta construção que não propiciou estratégias de desenvolvimento mais coletivas, de um imaginário comum, de um país em que resguardasse as diferenças e fomentasse a integração. Temos que ainda suportar a vergonha de sermos um país que produz como principal produto a exclusão social, a miséria e uma triste escalada da violência.
Possivelmente a pior parte de tudo é a falta de perspectiva, pois como podemos acreditar num país que não investiu nas últimas décadas em educação? Como pensar num futuro sem educação? Nenhum país sobrevive competitivo e respeitado hoje, e no futuro mais ainda, se não souber trabalhar o binômio crescimento X educação.
Não quero ser otimista, nem tão pouco pessimista, gostaria apenas de expressar minha indignação frente à violência (simbólica e real) que cotidianamente vivemos. È urgente a mudança de postura, parece que há omissão frente ao que se vê todos os dias.