Coaripolis

sexta-feira, setembro 01, 2006

Quatro giorni a settembre*
Setembro chega quente no calor dos dias de verão, até o vento é morno. A paisagem amazônica se enche de um verde novo, verde claro; as praias convidam para se refrescar de um verão que dar preguiça até na alma.
É nesses dias quentes do verão de setembro que alunos das diversas escolas coarienses saem as ruas para os "ensaios da parada cívica" da próxima semana. Embalados pelo ritmo das fanfarras, ao som do bumbo, do prato, do som das cornetas e outros instrumentos vão tentando acertar o passo.
Desengorçados e suados eles invadem as ruas coarienses, organizados e desorganizados, marchando, andando, vão deslizando lentamente, imitando cobras nas curvas que fazem. O som da corneta ou a batida diferente do bumbo avisa o tempo de mudar o passo, de um movimento, criando graça e encanto.
Ao ver esse movimento e sentir esse som que a cidade se encontra, quebrado apenas pelo som e pelo movimento feio da campanha eleitoral, minha memória conduziu-me para o passado.
A parada cívica que no meu tempo de criança e adolescente chamavámos de desfile de cinco ou sete de setembro. Esse é um tempo que deixou belas lembranças. Era um lazer. Impossível não se encantar com as balizas e seus movimentos leves, pareciam está patinando numa pista de gelo.
Tudo era patriótico, se marchava como se fossémos soldados caminhando para as guerras em batalhas que tínhamos certeza que seríamos vitoriosos, era lutar pela pátria, defenden o país com a vida, era matar ou morrer. Os heróis da pátria eram ovacionados como se tivessem chegados de longas vitorias, com suas roupas ornamentadas de medalhas. Medalhas ganhas por terem humilhados e esmagados os inimigos.
Hoje qual é o sentido da parada cívica? Quem são nossos heróis? Políticos corruptos? Traficantes? Jogadores?
E os nossos campos de guerras? Prefeituras... Câmaras... Assembléias enlamiadas na lama da corrupção.
O que me resta é guitar do "Navio Negreiro" de Catro Alves:
E existe um povo que a bandeira empresta
Pra cobrir tanta infâmia e covardia!...
E deixa-a transforma-se nessa festa
...
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo...
Andrada! arranca este pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!
* Título do filme o que é isso companheiro - na Itália