Coaripolis

sábado, abril 02, 2005

"Porque hoje é sábado... em Coari"
O ano era 1985 e o povo brasileiro celebrava as diretas já. Era a festa da liberdade, afinal de contas, estávamos saindo de um regime ditador militar para voltarmos a sermos uma república democrática. Naquele ano os professores do Estado do Amazonas, principalmente os de Manaus entraram em greve, o governador da época o Professor Gilberto Mestrinho, atualmente senador, mandou a Polícia Municipal (PM) descer o cacete, foi muita porrada. E nós membros Grêmio Acadêmico da Escola Estadual Solon de Lucena, a tudo acompanhamos de perto. Vimos as marcas de cacetetes nas costas dos professores.
O ano era 1987 e eu empolgado com as primeiras lições de filosofia, gastava meu tempo com o grupo em discurssões e leituras, cinema, e acompanhando assustado as greves do Distrito Industrial e as polêmicas da CUT-Am., Sinteam, Fase, CPT, CPO, e o Lula liderando as grandes manifestações no ABC Paulista. Tanto nas greves de Manaus como as de São Paulo, a polícia descia o cacete, mandava porrada. O tempo que sobrava a gente ouviu MPB (tudo em LP, o famoso bolachão). Entre todas as canções uma das que mais ficou foi, era uma poesia, e nesse momento estou meio em dúvida de quem era a composição ou quem declamava, mas, se a memória não me engana, era de Vinícius de Moraes e ele mesmo a declamava, com todo o seu vozerão. O título, esse não esqueço, "Porque hoje é sábado". Poesia composta para retratar a realidade do Brasil da ditatura militar.
E era um dia de sábado em Coari, a polícia descia o cacete, mandava porrada, balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio. A ditadura militar, Voltou!