Coaripolis

sábado, junho 11, 2005

Alguma coisa não anda bem 1

Valer colocar na íntegra para ver o que vai acontecer no futuro.
A 20ª expedição do Programa Potenciais Impactos e Riscos Ambientais da Indústria de Petróleo e Gás no Amazonas (Piatam) saiu ontem de Manaus. Desta vez, o objetivo principal é dar aos ribeirinhos da várzea do rio Solimões uma contrapartida aos cinco anos de coletas de dados e materiais em suas comunidades.
As excursões do Piatam acontecem quatro vezes por ano, nas diferentes estações hidrológicas do rio Solimões: cheia, seca, vazante e enchente. Esta é a segunda de 2005, então época da cheia. Durante dez dias, 25 pesquisadores percorrerão um trecho de 400 quilômetros do rio Solimões, de Manaus a Coari – mesmo caminho pelo qual navegam diariamente 60 mil barris de petróleo e 9,5 milhões de m³ de gás GLP (gás de cozinha) produzidos na província petrolífera de Urucu. Segundo dados da Petrobrás, Urucu é a maior província petrolífera terrestre do país.
"O Piatam surgiu porque alguns pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) verificaram que não havia estudos sobre os riscos ambientais do transporte de petróleo e gás natural pelo rio Solimões. Fizemos então um projeto e o apresentamos à Petrobrás, em 2000", contou Alexandre Rivas, coordenador do programa.
Participam do programa cerca de 100 pesquisadores, técnicos e estudantes, que desenvolvem pesquisas em diversas áreas do conhecimento: botânica, ictiofauna (estudo dos peixes), anfíbios, limnologia (estudo das águas dos lagos), solos, arqueologia, sensoriamento remoto (estudo de imagens de satélites), engenharia de pesca e sócio-econômica.
"Até 2003 tínhamos foco exclusivo na pesquisa. A gente entrava na comunidade e coletava dados e materiais para análise. No ano passado, fizemos um ciclo de palestras para explicar aos ribeirinhos todos as áreas do Piatam e para reunir demandas. A partir daí, realizamos cursos de capacitação voltados para o associativismo", explicou Carlos Freitas, sub-coordenador do programa.
Na expedição que se inicia hoje serão dados aos habitantes da calha do Solimões três cursos que têm objetivo de melhorar o modo de produção e, conseqüentemente, a renda deles: uso de plantas aquáticas para a produção do humus (que pode servir de adubo para o solo da terra firme, mais pobre que a da várzea porque não recebe nutrientes do rio); processamento de pescado e melhoria da cultura da malva e da juta (fibras vegetais cultivadas pelos ribeirinhos). Coordenado pela Ufam e pela Petrobrás, o Piatam tem apoio do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Instituto Tecnológico da Amazônia (Utam), do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Fucapi), do Centro Integrado de Educação Superior da Amazônia (Ciesa) e do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam).
As duas próximas excursões, referentes à vazante e à seca, estão com início previsto para os dias 2 de setembro e 2 de dezembro, respectivamente.