Coaripolis

domingo, abril 09, 2006

Coari Analfabeta
A cidade de Coari nunca teve tantas escolas e tantos professores como hoje. Há uma ilusão de que a quantidade de escolas e um grande número de professores vá fazer a diferença na educação de um povo, ilusão, pura ilusão. O que faz a diferença, a qualidade da educação é o tipo de educação que se dar.
Escolas por si só não mudam nada; professores mal preparados e mal remunerados não mudam nada. Se faz necessário construir uma cultura da educação e esta envolve um projeto maior do que escolas e professores.
É preciso acima de tudo valorizar as pessoas, sua cultura; dando a cada um dignidade, respeito. São vários os fatores que aqui poderia colocar, mas, deixo para você leitor.
Primeiro: será necessário uma educação que valorize a cultura amazônica e não o contrário, onde se possa dizer: sou caboclo e com orgulho;
Segundo: Uma educação voltada para o aprender a usar a riqueza da maior floresta do mundo, conhecer as plantas, raízes, peixes, os animais e assim por diante. Aqui está a fonte de toda nossa renda. Cada vez mais pessoas educadas no assim dito primeiro mundo estão vindo para cá, atrás dessas riquezas. Riquezas que nós não somos educados para dela tirar nosso sustento;
Terceiro: valorizar o professor , não só com bons salários ou exigindo que ele tenha um curso superior (a maioria das pessoas sai do curso superior quase igual ao que entrou, estava somente a procura do canudo), mais criar um projeto onde o professor esteja se reciclando, participando de cursos, encontros, seminários, lendo, navegando na internet, viajando e dando condições e oportunidade de experimentar novos métodos pedagógicos;
Quarto: a educação não se dar somente dentro da sala de aula, da escola; por isso gestar espaços onde os alunos tenham oportunidades de debater e ajudar a criar políticas públicas para os mais diversos desafios da realidade onde vivem;
Quinto: Os alunos não devem ir para a aula pensando somente na merenda, pois esta pode se tornar sua única motivação para está numa sala de aula;
Sexto: Que a educação eduque para a vida, que não seja tão teórica; possa ser que aconteça o que tem acontecido, se termine o Ensino Médio ou um curso superior e o aluno não saiba fazer nada... só restado a opção de moto taxi.
Sétimo: que a educação seja ética, eduque para os bons costumes e a Felicidade.
A Revista Veja da semana passada traz uma matéria sobre educação, onde nos reporta que o Brasil está em último lugar no quesito leitura e compreensão. Uma pesquisa da Unicef em Coari nos anos de 1999 e 2004 mostra que o número de jovens que só têm até a quinta série do Ensino Médio, em vez de diminuir têm crescido nesse período, no entanto, nesse tempo aumentaram consideravelmente o número de escolas na cidade. Conferir pesquisa aqui (www.unicef.org/brazil/Pags_108_123_IDI_Abre.pdf).
Esta pesquisa confirma a tese que não é quantidade de escolas e nem o número de professores que faz uma educação de qualidade, mais a qualidade da educação. Enquanto isso, continua crescendo o número de Analfabetos em Coari.