Coaripolis

domingo, outubro 08, 2006

O bailé dos urubus
Meu dia começa às 05h30, acordado, mas, com desejo de ficar na rede, faço esforço e levanto, o dia começou. Hoje diferente dos outros dias, fora o escuro do dia pede mais rede, é que na cidade do gás e do petróleo no amanhecer de hoje o templo está nublado, nuvens escuras e chuva.
Das 06h00 às 06h30 o vento castigava a cidade, soprava sobre os telhados empoirados pela poeira de muitos dias de verão. O vento varia a cidade.
No céu azul escuro, mais escuro do que azul, centenas de urubus planavam em vôos que imitavam as façanhas da esquardilha da fumaça. Detalhe importante, há uma grande quantidade desses animais que habitam a cidade, aqui encontram comida, carniça, lixo e muita merda de cachorro para se banquetearem. Andar em Coari bem cedo é assistir um show grátis "o banquete dos urubus" comendo merda de cachorro. O outro motivo desses animais amarem a cidade é que nela encontram vento em quantidade para fazerem suas acobracias. Nunca vi e nem ouvi dizer que um urubu se chocou no ar ou caiu por uma travessura aére mal feita.
Talvez os fabricantes de aviões deviam vir ver os urubus coarienses em seus bailés diários para ter inspirações. Isso ajudaria a planejarem melhor os aviões para que não se encontre no ar.
06h30. Após a ventania que fez a alegria da urubuzada, caiu a chuva, lavando a cidade. Chuva que ainda continua a cair enquanto escrevo este post. Bom dia para ficar na cama, na rede.
No mundo rural um dia como esse dificilmente se trabalha. Ficar curtindo a preguiça se balançando na rede, ouvindo o som da água da chuva cair sobre a palha da cobertura da casa. Apreciar a paisagem, a velocidade da água lá no rio, igarapé ou lago; ouvir a sinfonia da floresta, todos os seus sons. Entre um cohilo e outro cochilo as vezes brincar com as brianças ou de fazer crianças. Assim é a vida do interior.
Hoje provavelmente agiremos assim também. É o nosso lado caboclo gritando em nós!