Coaripolis

segunda-feira, agosto 22, 2005

Sinais dos tempos
Arcebispo visita mãe-de-santo no Guamá
Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Dom Michael Ftizgerald foi o primeiro representante oficial da Igreja a entrar no terreiro mina
Pela primeira vez no Pará, um representante oficial da Igreja Católica visitou um templo de cultos afro-brasileiros. A visita histórica aconteceu ontem, no “Terreiro de Mina Dois Irmãos”, no Guamá, o mais antigo de Belém, criado há 115 anos. A zeladora da casa, “Mãe Lulu”, recebeu o arcebispo presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso em Roma, o norte-americano Dom Michael Fitzgerald. Por volta das 15h de ontem, ele foi recebido com cantos, tambores e pétalas de flores brancas. Como sinal de reverência e honra, os brasileiros vestidos de branco ergueram o “alá” (uma espécie de toalha) para que o católico, em traje cinza, passasse por baixo, num ritual feito só para pessoas importantes no “culto de mina”. O arcebispo observou a ausência de sacerdotes da Arquidiocese de Belém. “Às vezes é mais fácil um membro de fora vir até vocês do que alguém da Igreja daqui”, comentou, pedindo paciência.
A visita foi incluída na última hora na agenda de Dom Michael. O Arcebispo possui cargo importante no Vaticano e veio a Belém participar do Congresso de Ecumenismo e de Diálogo Inter-religioso, realizado no último fim de semana no Centro de Cultura e Formação Cristã, em Ananindeua. No material de divulgação do evento estava prevista apenas a visita à cumunidade judaica de Belém. Falando em inglês e cercado das estátuas de São José, Toiá Verequete e “Mãe Amelinha”, ele disse que na visita ao terreiro “Casa Branca”, em Salvador, na Bahia, contou com a participação do Arcebispo da cidade e outros membros do clero baiano, o que não aconteceu em Belém. Apesar de falar da ausência, o tom do discurso foi de conciliação, paz e diálogo entre os diferentes. “A postura dos cristão não pode ser de condenação às outras religiões. Para que estejamos abertos é preciso conhecer o outro”, disse. Leia+