Coaripolis

segunda-feira, setembro 19, 2005

Comunidades discutem experiências de comunicação popular na Amazônia
Vinte e oito moradores de nove municípios do Amazonas estiveram reunidos nos últimos dois dias para discutir experiências de comunicação popular na região. Falaram sobre as rádios comunitárias, além do rádio-poste e do rádio amador utilizados pelos ribeirinhos no dia-a-dia. Também trataram de outros aspectos do direito à comunicação, como acesso ao telefone, inclusão digital e concentração da propriedade dos meios de comunicação.
"Na cidade tem internet, telefone e televisão. Lá no lago e nas comunidades, predomina a escuridão. Às vezes tem radinho, para obter informação", improvisava o poeta José Nascimento de Carvalho, membro da Associação de Produtores Rurais do Guanabara 2, de Benjamin Constant.
"Sem comunicação o trabalho em rede não existe. Ela é fundamental para as populações amazônicas acessarem programas, projetos e políticas públicas", afirmou José Arnaldo de Oliveira, assessor de comunicação da
Rede do Grupo de Trabalho Amazônico (Rede GTA), que organizou a oficina de comunicação popular e comunitária, em Manaus. A rede surgiu em 1992 e é composta por cerca de 600 organizações não-governamentais (ONGs) e movimentos sociais da Amazônia Legal.
"Para trabalhar em rede na Amazônia é preciso mapear os comunicadores, ver as condições de trabalho deles e tentar prover infra-estrutura para quem não tem nada, sequer telefone", completou Cristiane Dey Andreotti, rádio-ativista e consultora voluntária da Rede GTA.
O evento encerrou um ciclo de oficinas iniciado em novembro de 2004, em Brasília, e levado também neste ano para Belém (PA) e São Luís (MA), com financiamento da organização alemã Fundação Friedrich Ebert (FES). "O objetivo desses encontros é fortalecer o trabalho dos comunicadores e das comunicadoras, trazer informações às quais eles nem sempre têm acesso sobre funcionamento de rádios, legislação e resistência", explicou Fernanda Papa, representante da fundação.