Livro conta Amazônia profunda na visão de um explorador alemão no início do século XX
No dia 27 de maio de 1911, o etnógrafo alemão Theodor Koch-Grünberg chega ao porto de Manaus. Suas impressões não são favoráveis: a modernização, com seus longos armazéns e pontões nos quais desembarcam com comodidade os passageiros dos transatlânticos prejudicou o "antes tão encantador panorama da cidade, que se elevava suavemente, cercada de verde fresco". Inicia-se uma série de anotações que apenas terminarão na Venezuela em 1913.
O livro "Do Roraima ao Orinoco" é um relato de viagem pelos profundos da Amazônia. E há a importância científica. Na Alemanha, as expedições de Koch-Grünberg chamam a atenção de seus conterrâneos e demais europeus para um potencial de expressão estética até então não compreendido.
Além, é claro, do valor intrínseco de seus relatos não só para a etnologia, mas também para a geologia, geografia, lingüística e antropologia. No Brasil, sua obra contribui ainda para uma nova formação do imaginário nacional, levando Mário de Andrade a descortinar a "essência do brasileiro", resultando na obra-prima Macunaíma e na idéia de identidade brasileira como parte de um processo de miscigenação.
Do Roraima ao Orinoco traz ainda um rico acervo de imagens captadas durante a expedição de 1911-1913 e disponibilizadas pela Universidade de Marburg para esta edição brasileira.