A vida coariense como ela é!
A casa era pequena dividida em dois cômodos. num era o quarto e o outro funcionava como cozinha, sala de janta e de estar. Os móveis, o mínimo para a vida funcionar, uma cama, um fogão velho, uma mesa tosca, alguns bancos e a televisão, o bem mais precioso, a caixa de sonhos. Essa é a Casa de Ítalo e Afrodite (nomes fictícios).
Esses dois jovens me convidaram para ir até a casa deles conversar. Depois de sete anos de convivência geraram: Lucas (1 ano), Renata (3 anos) e Roberta (6 anos). A conversa foi de cortar o coração. Eles jovens vindos da zona rural em busca do sonhos de dias melhores estão a beira da separação, o pior de tudo; não sabem o que fazer.
O fantasma da situação, o desemprego. Ela cursou até a quinta série e ele está cursando o segundo ano do ensino médio. A mulher desempregada, nunca conseguiu um emprego na cidade. Foi educada para ser esposa rural. O marido trabalha no projeto bolsa escola e ganha R$ 150,00 por mês. Isto mesmo cento e cinqüenta reais por mês. Podemos pensar como vive uma família de dois adultos e três crianças com esse valor.
Eu que venho de um mundo de quatro paredes, me vi totalmente nu, sem saber o que fazer, o que dizer. A história foi como uma bala, invadindo o meu ser, deixando feridas. Senti o sangue escorrer, como o carrasco que vai matando devagar.
Ouvi, senti e vivi o drama de tantas famílias coarienses iguais a essa. De jovens que não perderam a esperança de dias melhores, mas, estão vendo o vento da situação ir roubando os seus sonhos, levando a juventude, as forças e até mesmo o desejo de amar. Único ato gratuito que a vida nos permite... e talvez o mais caro!