As Flores da cidade

Desde que cheguei por aqui uma das coisas que mais me incomoda depois dos urubus, são as crianças. Elas estão por todo lado, como cães sem donos, abandonadas, como se não fossem feitas por perssoas, "seus pais", mas sim nascessem das árvores ou das pedras.

Tanto perto de onde moro nas margens do Igarapé Espírito Santo como lá por onde trabalho nos bairros do Urucu e da União, sempre estão na área, reivindicando seu espaço e o carinho de casa negado por aqueles que moram com elas.

Na sua maioria só de calçõezinhos ou de calcinhas. De idades mais variadas possíveis de 04 anos para cima. Vejo que elas já fazem parte da paisagem e poucos são aqueles que se incomodam com elas. Todos sabem que estão ali a correr, a gritar e a destruir o bem comum ou o privado.

Apesar de "abandonadas", estão sempre a brincar, a sorrir. Na mais pura ingenuidade ficam a exposição de todo tipo de perigo, principalmente o dos aliciadores para o mundo das drogas e da introdução a vida sexual precoce.

Quase todas elas estudam em escolas públicas, tirando o tempo que ficam nas escolas o resto do dia ou quase todo o dia é na rua. Enquanto existir crianças assim, teremos adultos de qualquer jeito, como dizemos, sem eira nem beira.

Voltaremos com esse assunto!