Coaripolis

terça-feira, julho 04, 2006

O conde italiano conhecido como filho da cobra grande
A rica história de vida de Ermanno Stradelli, que percorreu a Amazônia em expedições durante o final do século 19 e início do século 20, será o tema do novo documentário do diretor italiano Andrea Palladino, que está em Manaus finalizando detalhes da produção que começa a ser rodada no Amazonas no final de julho e que terá, ainda, registros em locações na Itália no segundo semestre deste ano.
A trajetória de Stradelli na Região Amazônica é um roteiro pronto para ser filmado. Filho de família nobre da região de Parma, nasceu em de dezembro de 1852, herdou o título de conde e aos 27 anos abandonou os estudos de Direito para explorar a Amazônia. Em paralelo, ainda na Itália, dedicou-se a estudar Etnologia, Topografia, Farmacologia, Homeopatia, Botânica, Zoologia e Fotografia, além de Português e Espanhol.
Ao chegar a Manaus, em 1879, montou aqui uma base de onde partia em viagens para vários pontos da Amazônia. Dois anos depois visitou pela primeira vez a região de Uaupés (próximo à fronteira do Brasil com a Colômbia) e manteve contato com grupos indígenas - a quem dedicou boa parte de seu trabalho.
Em 1884 retornou à Itália para terminar os estudos em Direito mas logo depois voltou à Amazônia. Durante este tempo também foi correspondente da Sociedade Geográfica Italiana, que patrocinou algumas de suas expedições até 1901. No ano de 1893 naturalizou-se brasileiro e atuou como promotor de Justiça nas regiões de Lábrea e de Tefé.
Para o diretor Andrea Palladino, um dos aspectos que mais chamam atenção na trajetória de Stradelli - além de sua inegável importância para os estudos etnográficos da Amazônia - é a diversidade de seus contatos. O conde italiano colocou a primeira pedra na construção do Teatro Amazonas, conviveu com artistas italianos que trabalharam na construção da opera house de Manaus e até propôs à Pirelli explorar economicamente a borracha da Amazônia.
Em meio a tudo isso, o lado humanista de Stradelli é destacado por Palladino e por Astrid Lima, jornalista amazonense responsável pela produção do documentário. "É um olhar estrangeiro diferente, mais humano", observa Astrid.
Não existe, além do documentário de Andrea Palladino, nenhuma homenagem programada para Stradelli em 2006 - quando se completa 80 anos de sua morte.