A sabedoria e a ousadia das crianças

Num post de algumas semanas atrás lembrava de como as crianças do meu tempo, inclusive eu, conviviam com o período de elições. O que contava mais era a quantidade de santinhos que conseguíamos ter.

A maioria dos santinhos eram distribuídos de avião. Monomotores sobrevoando a cidade, cá embaixo, nós, a criançada corajosa, não medindo esforços para ver quem conseguia pegar a maior quantidade daquele pequeno e valioso pedaço de papel.

Hoje a criançada também se diverte nesse tempo de eleições, vivendo esse perído de modo muito mais criativo que os adultos. Na sua sabedoria encontraram um jeito de brincando, sacanear com os candidatos, não importando quem seja ou a que cargo concorre (ou concorria).

A brincadeira consiste em fazer um círculo, colocar dentro dele a quantidade de santinhos - essa quantidade é combinada entre quem está na brincadeira. E aí, o jogo começa. Todos os participantes devem tentar tirar os santinhos de dentro do círculo, para isso usam uma sandália, geralmente do tipo havainas, as vezes faltando a parte de cima.

E é na ação de tirar os santinhos do círculo que acontece a ousadia, ação que nós adultos tememos em fazer. Pois para fazerem isso, se faz necessário mandar sandaliadas neles, no rosto. Apanhar para sair do círculo.

Ganha quem consegue tirar o maior número de santinhos de dentro do círculo.

Para a criançada pobre dos bairros pobres, esse é o jogo do momento. Santinhos eles tem a vontade. Enquanto os adultos gastam tempo nessa conversa chata de "política" e "políticos", as crianças se divertem dando sandaliadas na cara dos "políticos".