Coaripolis

quarta-feira, setembro 07, 2005

Além do ‘jeitinho’
Proprietária, há dez anos, de uma barraca na Feira do Produtor - "desde quando funcionava no estacionamento do Estádio Vivaldo Lima" -, Maria do Socorro Alves Gama, 55, pode até não saber explicar o significado da data histórica comemorada hoje, mas fala com propriedade sobre o tema mais freqüente no cenário político nacional: a corrupção. "Eu não estudei, mas meus pais me ensinaram uma coisa que não vou esquecer: nunca roubar o que é dos outros e isso é o que a gente mais tem visto na política, não é?", indaga Maria do Socorro. Para ela, o grande problema da corrupção é que a maioria dos homens públicos do País não tem o que ela chama da "educação que vem de casa".
Depois de passar pelo processo de impeachment de um presidente, em 1992, denúncia de compras para a reeleição de Fernando Henrique Cardoso, em 1997, o Brasil novamente se vê envolto em escândalos com origem no Palácio do Planalto. Há pouco mais de dois meses, os brasileiros acompanham os desdobramentos da crise do mensalão - suposta propina paga a deputados para votarem a favor de projetos de interesse do Poder Executivo. Crise esta que, nos últimos tempos, tem posto à prova tanto o Governo Federal quanto o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Há sete meses montando sua banca de venda de livros usados na Praça Heliodoro Balbi (conhecida como Praça da Polícia), Centro, o livreiro Carlos Alberto, 53, conta que sabe sobre as notícias do Planalto pelo pequeno rádio que leva para o trabalho todos os dias. "O que sei é que o Brasil na mão de Lula, ou de outro, precisa crescer", pondera Carlos Alberto, enquanto arruma os livros sobre a banca.