Mercado coariense
O mundo retratado abaixo nessas fotos, mostra um mundo muito próprio de Coari, uma realidade nua e crua da nossa sobrevivência mais existêncial, a da fome, da barriga. Ai de nós se a natureza não nos doasse tanto. Do Jaraqui ao gás e ao petróleo. Terra abençoada essa nossa.
Entrar no mercado de toda cidade é adentrar num espaço de múltiplas convivências, onde cada parte mostra algo dos habitantes do lugar. As coisas se tornam expostas, mesmo quando só conseguimos ver uma pequena parte, como se fosse um iceberg. Buscar compreender essa parte da cidade é como desvendar as entranhas de um povo. Nesse espaço, tão pequeno, passa a vida da cidade; pessoas de todas as classes e cores aí se encontram para encontrar algo tão fundamental para viver, a comida de todo dia.
Pelo que comemos mostramos uma parte do que somos, principalmente o bolso. Pois é nesse espaço que sabemos mais ou menos a diversidade sócio econômica das pessoas. É possível que uma pessoa só possa comprar uma cambada de jaraqui, que o preço varia entre três a cinco reais, enquanto outros possam comprar um tambaqui que chega a valer até 300 reais? É possível sim e isso acontece por aqui.
Guardo na lembrança o antigo mercado, ele era ali onde hoje se encontra o Banco Basa. Não lembro bem o ano, só sei que teve uma enchente que invadiu o mercado; era possível andar de canoa dentro dele. Depois mudou, o velho prédio foi destruído e no seu lugar surgiu aquela caixa quadrada que é o prédio do banco. Perdemos uma obra de arquitetura de tempos idos.
Ir no mercado municipal é viver um mundo de cores, pessoas, cheiros, falas. É ver a própria cidade se rebelando em suas insatisfação silenciosa por não haver possibilidades de comprar algo melhor para os filhos que choraminguam em casa.
É um lugar que gosto de ir para ver a nossa cara de caboclos e de índios que somos!