Coaripolis

segunda-feira, outubro 23, 2006

UFAM em Coari
Não poderia deixar de postar o excelente comentário do Railton sobre a educação superior, a Ufam em Coari. Railton é um coariense que está estudando na Alemanha. Conversamos algumas vezes pela internet, eu de Roma e ele da Alemanha, depois com minha ida para a terra da cerveja quase que nos encontramos por lá. Foi uma pena que não deu certo o nosso encontro.
"Eu como leitor assíduo do seu excelente Blog, não poderia jamais deixar de expressar aqui minha opinião a respeito do teu post que fala sobre o oferecimento de novos cursos Superiores pela UFAM no município de Coari e demais municípios.
Eu tentei localizar o edital do Processo Seletivo Macro Verão 2006 da UFAM para ver como se deu o processo de seleção dos candidatos, porém não encontrei. Acho que, assim como acontece com o Processo Seletivo Macro-PSM, o PSM Verão 2006 não teve grandes novidades quanto a restrições de acesso às vagas para os municípios contemplados com a expansão da UFAM. Refiro-me ao sistema de cotas e se foi tomado alguma medida no sentido de contemplar os estudantes do interior durante o preenchimento das vagas. Já que a intenção é expandir o número de acesso de estudantes do interior do Amazonas ao Ensino Superior Federal, seria muito justo se fosse tomado uma medida que privilegiasse o maior número possível de estudantes interioranos durante o PSMV 2006. A intenção não é levar o desenvolvimento econômico e social ao interior do estado Amazonas?
Acho que as autoridades e estudantes dos municípios não atentaram para esse detalhe que é de grande relevância, pois podemos ter nossas salas de aulas lotadas com estudantes de outros estados que virão para o Amazonas somente em busca do canudo ou conhecimento. Sem a intenção de vínculo algum com o nosso Estado.
Vale lembrar que nossas Universidades Federais Brasileiras estão aderindo cada vez mais ao sistema de cotas para ajudar a promover a integração social. Então eu acho que a UFAM deveria ter uma concepção mais justa e moderna do princípio de isonomia. Apesar de sermos considerados iguais perante a lei, baseado na nossa realidade social não podemos ser considerados iguais por força de Lei, pois nossa realidade econômica e social é totalmente outra. Deveria ser trabalhado um projeto de lei que estabelecesse um sistema de cotas para os candidatos do Estado e de fora do Estado na Universidade Federal do Amazonas, “especificamente” para as vagas dos municípios do interior, a exemplo da cota de vagas que já existe para os alunos que provenientes de escolas de ensino público.
Um detalhe importante, é que o sistema de cotas para alunos vindos de outros estados foi implantando com muito sucesso na UEA. Pela lei agora, apenas 20% das vagas disponíveis serão disponibilizadas para os alunos de fora do Estado e 80% para os que cursaram o ensino médio no Amazonas.
A lei foi sancionada pelo Governador Eduardo Braga e julgada legitimamente constitucional pelo Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas. Agora não está acontecendo mais o que acontecia antes na UEA, quando mais de 80% das vagas para o curso de Medicina eram ocupados por estudantes oriundos de outros Estados do país. Então, eu deixo aqui um ponto para reflexão, a exemplo do que fez o Archipo, - Por que não estender esse grande exemplo de justiça que deu nosso governador ao ensino no interior do Amazonas com a UEA, para os cursos superiores oferecidos pela UFAM no interior?
Eu acho isso uma possibilidade constitucionalmente possível, mas depende muito do interesse de nossas autoridades envolvidas! Uma ação conjunta dos representantes estudantis de DCE´s, Secretaria de Educação dos municípios sedes dos cursos e demais representantes esferas públicas do governo junto ao Reitor Hidembergue Ordozgoith. Isso poderia despertar uma atenção maior nesse descaso e somar com o processo de desenvolvimento que o interior não experimenta.
Deveria ser dado uma atenção especial aos nossos cursos do interior e só reforçando o ponto que o Archipo comentou, deveria ser criado cláusulas no edital, criando barreiras a candidatos que têm a intenção de ingressar nos cursos no interior e depois pedir transferência para outra Faculdade. Eu não acho isso justo, pois ele está tirando a vaga de outro aluno que quer estudar!
Você tocou em um ponto muito importante quando falou “na verdade a educação coariense não está preparando os coarienses para entrarem na universidade”. Isso é uma verdade absoluta, visto que a cada ano a quantidade de estudantes Coarienses que ingressam em faculdades públicas é irrisória. Como agora estamos tendo o privilégio de ter esses cursos superiores oferecidos na cidade, a SEDUC Coari deveria estudar uma forma para fazer com que os estudantes que prestarão o PSC para o preenchimento das vagas em 2007, possam competir de igual para igual com os alunos da capital, senão nossas vagas sempre ficarão nas mãos dos alunos privilegiados da capital! Concordas?
Coari está se tornando aos poucos uma cidade universitária e não temos infra-estrutura adequada para absorver os novos funcionários, estudantes e prestadores de servicos, principalmente agora com o governo federal aplicando recursos para a construção de novas instalações da unidade acadêmica da UFAM, salas de aulas, prédios administrativos, Instituto de Saúde e Biotecologia, etc. Já temos em andamento os cursos da EUA e agora também os cursos Técnicos da CEFET. Sem falar quando começarem as obras do gasoduto...Esperamos que medidas sejam tomadas e que o processo de crescimento ande sempre de mãos dadas com o desenvolvimento.
Enfim, eu vejo isso tudo como muito positivo financeiramente para nossa cidade e para o nosso interior.
Finalmente o progresso está chegando ao interior do Amazonas. Esperamos que esse progresso alcance a todos e não privilegie somente alguns!
Saudacoes,
RAilton."