Coaripolis

domingo, novembro 21, 2004

Colonização

No dia 14 desse mês o jornal “Estado de São Paulo”, publicou três artigos sobre o gasoduto Coari-Manaus, mostrando claramente que ainda não passamos da colonização, o interior é colônia da Capital do Estado e do Capital Internacional. Misturo aqui trecho dos artigos com minhas inquietações!
A construção do Gasoduto Coari-Manaus tem sido objeto de discussões há duas décadas. Saiu do papel devido aos esforços do governador do Estado, Eduardo Braga, aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e dos interesses da Petrobrás. O principal impacto que pode ter na região é social. O desmatamento para a fixação dos tubos gira em torno de 800 hectares, segundo previsões iniciais. Grandes obras já realizadas na Amazônia, como rodovias e hidrelétricas, deixaram no seu rastro o aumento da prostituição, desagregação de comunidades, êxodo rural, disseminação de drogas e outras mazelas. O período crítico desta obra será o da construção - com 3.500 operários.
O Programa de Desenvolvimento Sustentável se destina a reduzir previsíveis impactos negativos. Mobiliza R$ 42 milhões e conta com o apoio de 50 instituições - da Universidade Federal do Amazonas às prefeituras das cidadezinhas cujos territórios serão atravessados pelos tubos.
O benefício que o gasoduto já trouxe para os ribeirinhos foram as visitas do navio Zona Franca Verde - uma espécie de poupa-tempo flutuante, misturado com ambulatório. Nas cidadezinhas onde já ancorou - Anori, Codajás, Anamã e Caapiranga -, distribuiu certidões de nascimento, carteiras de identidade, títulos de eleitor, e outros tipos de documento, além de propiciar consultas com clínicos gerais. Minha pergunta é para quê gastar tanto dinheiro nesses serviços se temos direitos... e de graça?
Tudo isso lembra os primeiros europeus na Amazônia, onde para enganar os indígenas, nos vinham com miçangas, espelhos e outras bugigangas.
O maior exemplo disso aconteceu em Anamã, onde se casaram de modo coletivo 108 casais. A organização ficou a cargo do pessoal do cerimonial do governador. Na sexta-feira, um barco fretado aportou na cidade com uma tropa de gente moça, encarregada de decorar a praça, pentear as noivas, distribuir vestidos, fazer fotos, organizar a recepção aos parentes e convidados. Até carpete vermelho estenderam no caminho dos noivos.
Para que o processo de colonização se faça de modo completo até o coordenador representa a força de fora; para ser mais claro, estudou no Estados Unidos e a mão-de-obra barata, fica para os amazonenses. Até quando isso vai durar?