Crônica de uma morte anunciada
Em entrevista à TV Liberal, do Pará, em março do ano passado, a missionária norte-americana Dorothy Stang, de 73 anos, disse que recebera ameaças de morte por seu trabalho com os agricultores.
— Recebo constantemente recados. Apenas dizem que, se eu entrar lá, morro; que eu estou atrapalhando a vida do município. Quem tenta ocupar uma terra grilada é ameaçada. Eles são altamente armados e não estamos conseguindo ninguém para se aproximar e tirar essas armas — disse a freira.
Na semana passada, em Belém, ela entregou um documento ao secretário de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, em que denunciava a violência contra agricultores.
Apesar de ameaçada, a religiosa nunca recebeu proteção policial. Pelo contrário: era mal vista pela polícia do Pará e chegou a ser processada.
O líder seringueiro Chico Mendes recebeu várias ameaças de morte, denunciou-as e passou os últimos meses de vida sob proteção da polícia. Mesmo assim foi emboscado e morto no dia 22 de dezembro de 1988, uma semana depois de ter completado 44 anos de idade.
A morte de Chico causou sérios embaraços para o governo de então - o do presidente José Sarney.
O da missionária norte-americana causará embaraços ao governo de Lula - amigo de Chico e companheiro dele no PT.
Ricardo Noblat