Coaripolis

terça-feira, março 06, 2007

O Cheiro da Pobreza
Algumas leituras como o texto poético do Daniel sobre o Igarapé do Espírito Santo e um excelente texto de Mario Vargas LLosa na Revista Piauí, intitulado "O Cheiro da Pobreza - O objeto que representa a civilização e o progresso não é o livro, o telefone, a internet ou a bomba atômica. É a privada" (infelizmente esse texto não está disponível na versão online da revista) . Me inspiraram a escrever esse post.

O texto de LLosa parte da análise de um relatório da ONU, intitulado A água para lá da escassez: poder, pobreza e a crise mundial da água. Segundo o escritor "a primeira conclusão dessa leitura é que o objeto que representa a civilização e o progresso não é o livro, o telefone, a internet ou a bomba atômica, e sim a privada. Onde os seres humanos esvaziam a bexiga e os intestinos é determinante para saber se ainda estão mergulhados na barbárie do subdesenvolvimento, ou já começaram a progredir.

No mínimo continua o escritor, um terço da população do planeta -- uns 2,6 bilhões de pessoas -- não sabem o que é um sanitário, uma latrina, uma fossa séptica, e faz suas necessidades como os animais, no mato, à beira de córregos e mananciais, ou em sacolas e latas que são jogados no meio da rua.
E mais ou menos 1 bilhão utiliza águas contaminadas por fezes humanas e animais para beber, cozinhar, lavar a roupa e fazer a higiene pessoal. Isso faz com que pelo menos 1,8 milhão de crianças morram, a cada ano, vítimas de diarréia".

Olhando para as fotos aqui postadas parece que o escritor escreveu o texto com vasto conhecimento de Coari, onde nossas águas são cada vez mais invadidas de fezes e urina.
De um lado são as águas do Igarapé do Espíriro Santo que recebem fezes e urinas vindas dos sanitários das casas que estão nas suas margens.
Do outro lado, é o Lago de Coari que recebe fezes e urinas de dezenas de flutuantes que ali se encontram. Como se não bastassem para as águas escuras do lago, ainda recebe fezes, urina e todo o resto mortais dos bois que ali são abatidos nos vários matadouros públicos que lá estão.
Por tudo isso aqui colocado é comum encontrar na maioria das crianças coarienses a "barriga quebrada", cheias de verminose. E mais comum ainda é a enorme quantidade de nossas crianças com diarréia.
Estamos é cagando pro Igarapé do Espírito Santo e para o Lago de Coari. Estamos é cagando no Igarapé do Espírito Santo e no Lago de Coari... e depois bebendo nossas fezes!