Coaripolis

segunda-feira, junho 27, 2005

Parintins

Cada um das vezes que fui para Parintins vivi emoções diferentes. Foram cinco vezes: julho de 1992, janeiro de 1996, agosto de 1997, setembro de 1999 e julho de 2004. Até agora, infelizmente não tive a sorte de viver um festival e saborear todo o encanto da Ilha no tempo dos bois. Sei que fora desse tempo, a cidade é pacata como todas as cidades do interior.
Na última vez que estive lá, escrevi aqui um post reprozindo um artigo do jornalzinho Novo Horizonte. O artigo tratava da Parintins e suas mazelas, comparando a cidade como uma dama vestida de seda, mas que por baixo do traje estava em péssima condições da saúde.
Realmente a pobreza grita, não na arena dos bois, mas nos pratos de muitas famílias. Alguns bairros são verdadeiras favelas. A água destribuída pela companhia de saneamento e consumida pelos parintinenses é de péssima qualidade; quem tem um pouco mais de condições compra água mineral e são poucos os que podem fazer isso. E tome verminoses!
Parintins vive uma eterna crise energética, os únicos dias do ano que tem energia o dia todo são os três dias de festival, o resto do ano é só racionamento.
Em 1999 estava trabalhando no CENESCH em Manaus e um dos professores de Filosofia era da direção de um dos bois. Ele incensava a estrutura dos festivais como a maior manifestação da cultura Amazônica. Eu dizia a ele que só isso não basta é preciso ter a cultura como valor do dia-a-dia, visto que no cotidiano ninguém quer ser índio e nem caboclo.
Na viagem de 1999 pariticipei uma manhã de um encontro dos índios sateré-maué, onde eles discurtiam sobre a educação indígena, foi aí que me veio a surpresa e a decepção, não encontrei ninguém da direção ou mesmo brincante de algum boi. Os índios estavam sós, como ainda estão.
É fácil cantar a cultura no palco, encenar. O difícil é cantá-la no dia-a-a dia.